Na quinta-feira (10), a Petrobras anunciou o reajuste do preço médio da gasolina e do diesel. No comunicado, a estatal apontou que a mudança passa a valer a partir de 11/03/2022. As elevações foram de 18,8% e 24,9% para a gasolina e o diesel, respectivamente.
A ocorrência foi após aproximadamente 2 meses sem mudanças nos valores aos distribuidores. A seguir, confira os principais aspectos, como cada aumento, os impactos e possíveis mudanças para amenizá-los.
Entenda mais sobre o aumento do preço médio da gasolina e seus impactos
Conforme informações acima, o diesel contou com aumento de 24,9%, enquanto o aumento do preço médio da gasolina foi de 18,8%. O da gasolina passou de R$3,24 para R$3,86 por litro. Por outro lado, o do diesel foi de R$3,61 para R$4,51.
Em relação ao gás liquefeito de petróleo, o GLP, a mudança ocorreu após um intervalo maior, no caso, de 152 dias. O preço médio sofreu reajuste para 16,1%, sendo assim, por kg, ao invés de R$3,86 terá o custo de R$4,48 por kg.
Um grande exemplo do impacto que o aumento da gasolina apresentou, foi a corrida para abastecer poucas horas após o anúncio. Inclusive, em muitos lugares ocorreram engarrafamentos próximo aos postos de combustíveis, como em São Paulo e em Fortaleza.
Além disso, as duas principais plataformas de transporte privado, Uber e 99, anunciaram mudanças nos valores. Enquanto a 99 reajustou o ganho dos motoristas para 5% o valor do km rodado, a Uber elevou 6,5% a quantia das corridas.
O que tem impacto no preço médio da gasolina?
Desde o ano de 2016, a política de preços da Petrobras sofreu alteração. Com isso, o Preço por Paridade Internacional (PPI) teve adoção. Dessa forma, tanto as variações do câmbio quanto a cotação internacional do petróleo passaram a ter uma maior influência no valor dos combustíveis no país.
Todavia, os preços são formados por diferentes elementos. Em relação aos impostos, grande parte do valor da gasolina está associado a eles. Sendo 27% para ICMS e 37% para Cofins e PIS/Pasep, além de 10% para outros. A realização, ou seja, a porcentagem do valor final para a estatal no caso da gasolina, é de 36%, diferente do que acontece no diesel, onde a parte da empresa é maior, sendo de 58%.
Há ligação com a guerra?
Vale citar também que a oscilação de preço não contou com ligação de imediato à guerra. Uma vez que a estatal apontou a observação de preços elevados de maneira consistente e que, para que as diferentes regiões do mercado brasileiro continuem abastecidas com maior segurança, a elevação é viável.
Todavia, não se pode deixar de fora que, a elevação de valores ocorre no meio do desenvolvimento do conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Com isso, se deve considerar o impacto no mercado global, uma vez que a Rússia tem um posicionamento importante entre os produtores de petróleo e devido aos últimos acontecimentos, passa por sanções na economia. Ou seja, diversos acordos e serviços com cancelamento.
No entanto, esse cenário pode impactar na logística e em diferentes mercadorias. Como consequência, não apenas a economia russa se compromete, mas o mercado global. Além disso, vale citar que indicadores cruciais para os valores de petróleo elevaram desde o início do conflito.
Os preços do barril de petróleo foram elevados próximos a U$140 e, com a sanção dos Estados Unidos na compra de petróleo russo, há uma pressão ainda maior. Para se ter uma ideia da gravidade do cenário, o preço do barril do tipo Brent chegou a quase US$139, sendo o nível mais alto desde o ano de 2008.
Nesse cenário, a política de preços da Petrobras também é uma pauta que gera debate. Abaixo, veja algumas propostas que foram apresentadas para amenizar o impacto desses valores e sobre a precificação da estatal.
O que pode mudar em relação aos valores?
Certamente, o mercado como um todo acompanha a alta nos valores acima. Nesse meio, medidas para conter a elevação também passam por análise. Há dois projetos que podem representar um freio na elevação, mas nas últimas semanas foram adiados.
Na quarta-feira (9), ocorreu o terceiro adiamento. O relator de ambas propostas é o senador Jean Paul Prates (PT-RN). A primeira, abrange a tributação estadual perante os combustíveis, enquanto a segunda, abrange a elaboração de uma conta em prol do amortecimento da variação em meio ao mercado internacional.
No primeiro caso, a proposta abrange mudanças no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Entre elas, alíquotas uniformes para os estados. Além disso, uma cobrança com direcionamento para apenas uma etapa da cadeia de produção.
Já no segundo, a proposta visa a elaboração de uma conta, em que os recursos teriam como finalidade o amortecimento dos impactos que a oscilação internacional do valor do petróleo tem no Brasil.
A premissa é de que recursos federais atendessem a alimentação desta conta, por exemplo, dividendos que a Petrobras paga para a União. Além desses pontos, é importante citar que há resistência nos dois casos. No primeiro, por parte dos governadores e secretários de Fazenda, enquanto no segundo, do Ministério da Economia.
Ainda mais, a possibilidade de que a Petrobras absorva parte das perdas devido a ampliação no prazo de reajustes também está em análise. Desse modo, vale acompanhar os próximos passos e decisões, em especial, para descobrir se alguma medida de amenização de valores será aplicada.