A maior reserva de água doce do mundo se encontra em solo nacional. Portando, 162 mil quilômetros cúbicos, a reserva subterrânea de água doce do Amazonas seria capaz de abastecer a Terra por pelo menos 250 anos.
No entanto, o Brasil passa por uma das piores crises hídricas da história. Isso se deve sobretudo à falta de uma gestão efetiva deste recurso natural.
Sendo assim, com a possibilidade de racionamento da água e energia, a diversificação das fontes de energia, a possibilidade da criação de um plano de seca e a otimização da distribuição da água são medidas sugeridas pelos cientistas da Nature.
Por que existem crises hídricas no Brasil?
Para começar, devemos compreender que o Brasil sempre apresentou crise hídricas. Isso porque o país passa por momentos em que o nível de chuvas oscilam – ora elevados, ora abaixados.
Aliás, corroborando ainda com este processo, devemos lembrar que o nosso clima é marcadamente tropical, o qual se caracteriza por uma longa fase de verão chuvoso e um período curto de inverno seco – estiagem.
E não vá você achando que isso é ruim somente para a sua rinite atacada. Nestas épocas do ano, os níveis dos reservatórios baixam, ocasionando assim consequências não tão boas na produção hidrelétrica. Vide o aumento da conta de luz prospectado em 2022.
Outro fator de peso que corrobora para a crise hídrica no Brasil diz respeito à Oscilação Decadal do Pacífico. Dentro de uma década, o oceano Pacífico passa por uma fase de resfriamento – Lá niña – e uma fase de aquecimento – El Niño. Tais fases alteram e influenciam os índices pluviométricos, alterando os ventos alísios.
Ora, quando os ventos alísios são obstados de entrada no Brasil, sentimos então o ressecamento do clima. Portanto, as chuvas tendem a diminuir, bem com os reservatórios de água.
Como o desmatamento pode afetar a falta de água?
Temos passado por um crescimento notório do desmatamento da Amazônia. A queimada da floresta de janeiro a outubro de 2021 cresceu em 33% em relação à 2020, de acordo com o Imazon.
Desta forma, se considerarmos que a vegetação é peça crucial da liberação de vapor para a atmosfera, devido ao processo de evapotranspiração, a sua perda pode ocasionar a baixa da umidade.
Com o desmatamento chegando a níveis tão elevados, uma vez que em cerca de três décadas a Amazônia perdeu em vegetação o equivalente ao Chile, a falta de umidade corrobora na escassez de chuvas e, consequentemente, na redução dos reservatórios.
A falta de água e os impactos energéticos
A maior fonte de energia do Brasil consiste nas hidrelétricas, as quais representam 70% da matriz de energia nacional.
Isso equivale a dizer que o nosso país está ancorado em um único tipo de fonte energética, de modo que qualquer problema de ordem produtiva acaba levando a recorrência de métodos excepcionais.
Em nosso caso, as termelétricas são acionadas em momentos de crise hídrica. Momentos em que os reservatórios de água estão baixos, sendo insuficientes para a produção hidrelétrica.
Assim, a termeletricidade se dá a partir da queima de carvão mineral, gás natural e combustíveis fósseis. O problema? Estes suprimentos são mais caros, tornando a produção mais cara.
O que culmina no aumento da conta de luz devido ao acréscimo das taxas tarifárias, representadas pelas bandeiras de diferentes cores. Aliás, no ano de 2021, muito se falou sobre um possível racionamento de energia elétrica, mas o apagão foi descartado pela ONS.
No entanto, isso não muda o fato de que a escassez de água reflete de forma direta em múltiplos setores do país, impulsionando diversas crises econômicas.
O artigo publicado pela revista Nature bem exprimiu o cenário brasileiro, ao dizer que “A crise hídrica no Brasil é uma crise mundial”. Não é só a conta de luz que tende a ficar mais cara, a produção agrícola e industrial e as comercializações externas tendem a ficar comprometidas devido à crise hídrica.
Possíveis soluções
O Brasil possui uma matriz pouco diversificada de energia elétrica. Desta forma, apostar em diferentes tipos de energia, como solar e eólica, pode ser uma forma de contornar as consequências, ao menos no setor energético.
Outra possibilidade de solução, apontada pelo artigo da Nature, diz respeito a melhor otimização do uso de água.
Percebe-se que no setor agrícola somente 13% da agricultura é irrigada, de modo que o uso das águas subterrâneas brasileiras poderia ser feito de forma sustentável pelo setor. Para isso, os 95 cientistas anteveem uma melhor gestão do recurso natural em questão.
No limite, a solução que dá nome ao artigo: O Brasil está em crise hídrica – é necessário um plano de seca, corresponde a uma melhor gestão da seca em solo nacional, que sofre desde o apagão de 2001.
Um plano estratégico de seca, segundo os cientistas, requer um monitoramento contínuo da umidade e o rastreamento da disponibilidade de água em toda a extensão do país. Portanto, monitorar e prever secas, eis o primeiro passo para contornar a pior crise hídrica que já tivemos nos últimos 91 anos.
Se chegou até aqui, então compartilhe este post nas redes sociais com a galera e não deixe de conferir as nossas outras postagens aqui no site. Nos vemos em breve!