Frente ao avanço da Influenza e da Ômicron, as prefeituras de SP e do RJ optaram pelo cancelamento do Carnaval. Assim, ao menos os desfiles dos blocos de rua estão temporariamente cancelados nas respectivas cidades.
A modalidade da festa passível de ser adotada nestas regiões será em locais fechados. Isso para melhor controle do fluxo de pessoas, embora não haja concórdia da Liga dos Blocos.
Embora não seja possível prospectar com assertividade os impactos do cancelamento da realização tradicional do Carnaval, os setores da economia no RJ e SP se mantêm esperançosos.
De que forma o Carnaval afeta a economia?
É fato que o Carnaval enquanto uma das maiores festas do Brasil movimenta exponencialmente o setor econômico brasileiro.
Só em 2017 a festa popular propiciou um ganho de R$ 7,73 bilhões ao setor. Já em 2019 foram R$ 7,91 bilhões que impactaram a economia, considerando que a festa conta tanto com investimentos públicos quanto privados.
Aliás, segundo uma pesquisa da CNC, em 2020, cerca de 25 mil oportunidades de empregos foram geradas com a festa popular.
Em 2020, ano que explodiu a pandemia, a prefeitura de São Paulo chegou a investir R$ 18 milhões no festival. Isso resultou em uma circulação no setor econômico de aproximadamente R$ 3 bilhões, 31% a mais do que o valor de 2019.
As receitas bilionárias geradas para o país só demonstram que o Carnaval é essencial na economia brasileira. Aliás, quem tende a ganhar mais com a tão aguardada data são os setores de turismo e gastronomia, que abocanham muitas cifras dessas receitas.
Afinal, pessoas do Brasil e do mundo inteiro viajam no feriado para as sedes regionais de maiores comemorações da festa, como é o caso do RJ e de SP.
O otimismo perante o cancelamento
Embora o Carnaval como conhecemos tenha sido cancelado em razão da pandemia da COVID-19 e suas variantes, a expectativa dos setores econômicos que muito dependem da festa popular é esperançosa.
Em entrevista para a Jovem Pan News, o vice-presidente da Associação da Indústria de Hotéis de SP, Carlos Bernardo, afirmou que, além daqueles que ocupam os eixos populares da festa de Carnaval, o público de lazer que utiliza o feriado para descanso está propiciando a volta das da economia para o setor de hotelaria.
Nesse sentido, mesmo sem o Carnaval tradicional, espera-se que muitas famílias façam suas reservas a fim de usufruírem do que a cidade tende a oferecer.
O mesmo acontece com a cidade maravilhosa. Alfredo Lopes, o presidente do HotéisRIO, pontuou que no ano de 2021, embora o cancelamento do Carnaval, a cidade ainda assim contemplou 80% da ocupação de seus hotéis.
Isso se deveu em partes pelas famílias buscarem usufruir os pontos turísticos da cidade, bem como seus polos de entretenimento. Outro ponto bastante frisado por Carlos Bernardo é o fato de que os restaurantes dos hotéis não serem exclusivos aos hóspedes, estando abertos a toda a população interessada.
Sendo assim, é possível considerar que tal abertura tende a trazer novos públicos mais afetos a experiências gastronômicas autênticas, considerando os chefes de renome que assinam os pratos e o refinamento dos ambientes.
Por outro lado, a perspectiva do comércio ao que tange os vendedores ambulantes é um tanto quanto diferente. Muitos temem pela baixa das vendas devido a falta do desfile de rua, os quais propiciam a arrecadação de cerca de R$ 20 milhões diários durante o Carnaval, segundo Marcelo Veras, o presidente da Faaerj.
Sobre as recomendações e protocolos de segurança
Segundo o vice-presidente da Associação da Indústria de Hotéis, houve um grande aprendizado do setor neste período pandêmico. Afinal, os clientes M.I.C.E, embora estejam voltando a ocupar hotéis e seus serviços, o fazem de forma reticente e cuidadosa.
Alguns ainda solicitam que os hotéis conservem os protocolos de distanciamento que a SETUR já havia retirado dos últimos decretos. Solicitação esta que vem sendo bem acatada pelo setor.
De acordo com Carlos Bernardo, mesmo diante do cancelamento do desfile dos blocos de rua de 2022, os hotéis ainda estão em atividade seguindo os melhores protocolos de ocupação. Dentre eles, o espaçamento entre as mesas, uso de face shield, além das máscaras pelos colaboradores, e cardápios de QR Code ou digitais.
Além disso, muitos dos hotéis dispensam o famoso check in, visto que utilizam uma ficha nacional de registro do hóspede eletrônica em seu lugar. Essas medidas têm mostrado que nos dois últimos anos o setor de hotelaria e gastronomia, expoentes da festa carnavalesca, evoluíram e muito.
Mesmo diante das consequências econômicas que podem advir com o cancelamento do Carnaval, os setores têm se mostrado resilientes ao momento em que estamos vivendo. Mais do que o dinheiro, a verdadeira preocupação dos economistas é a forma de assegurar a vida dos milhares de brasileiros durante a comemoração carnavalesca.